O QUE É FMEA?
O FMEA é uma sigla em inglês para Failure Mode and Effects Analysis, ou seja, em português se define como Análise dos Modos de Falhas e seus Efeitos.
É uma ferramenta usada para identificar e prevenir falhas em processos, produtos ou sistemas. Ela foi desenvolvida na década de 1940 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para ajudar a garantir a confiabilidade e segurança dos seus sistemas militares.
A ideia por trás do FMEA é identificar e avaliar os possíveis modos de falha em um processo ou sistema, bem como as suas consequências e probabilidades de ocorrência. O objetivo é determinar quais modos de falha são mais críticos e, assim, priorizar ações para preveni-los ou minimizar seus efeitos.
Ao longo dos anos, o FMEA evoluiu para se tornar uma ferramenta amplamente utilizada na indústria em geral, sendo aplicada em diversos setores, como automotivo, aeroespacial, eletrônico e farmacêutico. A metodologia do FMEA é baseada em uma abordagem sistemática e lógica para a análise de falhas e suas consequências.
ORIGEM MILITAR EM 1949
No pós Segunda Guerra Mundial o mundo vivia o começo das tensões da Guerra Fria, e a corrida militar ficava cada vez mais forte, onde cada nação corria para desenvolver suas tecnologias e equipamentos mais eficientes.
Com a necessidade de ter processos militares mais seguros, robustos e confiáveis, o exercito norte americano trás um padrão ou norma que estabelece os padrões do que conhecemos hoje como FMEA.
A MIL-P-1629 (Military Procedure 1629) foi a primeira especificação militar dos Estados Unidos que exigia a realização de uma análise de modos de falha e seus efeitos (FMEA) para sistemas complexos. Ela foi criada em 1949 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para garantir a confiabilidade e segurança dos sistemas militares.
Essa norma estabelecia procedimentos para identificar os modos de falha potenciais, avaliar as suas consequências e definir as ações necessárias para preveni-los ou minimizar seus efeitos. Essa especificação foi atualizada em 1969 para se tornar a MIL-STD-1629A (Military Standard 1629A), que estabeleceu padrões mais rigorosos para a análise de modos de falha e seus efeitos.
Durante os anos 60 também em decorrência da Guerra Fria surge a corrida espacial, amplamente dominada até então pelos Soviéticos.
Por isso, a utilização do FMEA pela NASA na missão Apollo 11 em 1969 foi um marco importante na história do FMEA. A NASA utilizou o FMEA para avaliar e prevenir falhas nos sistemas críticos da nave espacial e do módulo lunar, incluindo o sistema de propulsão, o sistema de comunicação e o sistema de suporte de vida.
A análise de FMEA realizada pela NASA foi fundamental para garantir a segurança dos astronautas durante a missão. A aplicação bem-sucedida do FMEA na missão Apollo 11 tornou-se um exemplo inspirador para a indústria em geral, demonstrando o valor da análise de FMEA para garantir a confiabilidade e segurança dos sistemas complexos.
Ainda nesta mesma época é desenvolvido uma metodologia ainda mais completa para a utilização desta ferramenta, o RCM. Essa é uma sigla para Reliability-Centered Maintenance ou Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC). Leia mais sobre o RCM, CLIQUE AQUI.
A POPULARIZAÇÃO DO FMEA NA INDÚSTRIA
A partir da década de 1980, o FMEA começou a se popularizar na indústria como uma ferramenta eficaz para a prevenção de falhas em sistemas complexos. A Ford foi uma das primeiras empresas a adotar o FMEA em larga escala em suas operações, e obteve resultados significativos na redução de custos e na melhoria da qualidade dos produtos.
A aplicação do FMEA na Ford levou à identificação e correção de problemas em estágios iniciais do processo de desenvolvimento de produtos, o que resultou em redução de custos e de tempo de desenvolvimento. A Ford também utilizou o FMEA para melhorar a qualidade de seus produtos, reduzindo o número de recalls e aumentando a satisfação dos clientes.
Outras empresas também obtiveram resultados fantásticos com o FMEA. A Motorola, por exemplo, utilizou o FMEA em seus processos de produção de semicondutores, e conseguiu reduzir as taxas de defeito em seus produtos de 25% para menos de 1%.
A General Electric (GE) também utilizou o FMEA em seus processos de desenvolvimento de produtos, o que resultou em uma economia de mais de US$ 1 bilhão em custos de garantia de produtos.
A utilização do FMEA pela Toyota foi um marco importante na evolução do FMEA. A Toyota utilizou o FMEA em seus processos de desenvolvimento de produtos e incorporou essa ferramenta em seu Sistema Toyota de Produção (TPS), que é a base do Lean Manufacturing.
O TPS é um sistema de produção enxuta que busca eliminar desperdícios e melhorar a eficiência dos processos, e o FMEA é uma das ferramentas utilizadas para identificar e prevenir falhas em sistemas complexos.
A utilização do FMEA pelo TPS da Toyota e pelo Lean Manufacturing ajudou a popularizar ainda mais o uso dessa ferramenta na indústria em geral.
Atualmente, o FMEA é amplamente utilizado em diversos setores da indústria, incluindo aeroespacial, automotivo, eletrônico, entre outros, como uma ferramenta essencial para a prevenção de falhas e a melhoria da qualidade dos produtos.
TIPOS DE FMEA
Existem diferentes tipos de FMEA. Cada tipo de FMEA é projetado para avaliar as falhas em diferentes estágios do ciclo de vida do produto ou processo.
Os principais tipos de FMEA são: Sistema, Produto, Projeto, Processos, Serviços e Software.
- FMEA de Sistema: este tipo de FMEA é utilizado para analisar falhas e riscos em sistemas complexos, como sistemas de energia elétrica, sistemas de transporte, sistemas de comunicação, entre outros. Ele é geralmente utilizado no estágio inicial do desenvolvimento do sistema para identificar os riscos e mitigá-los.
- FMEA de Produto: este tipo de FMEA é utilizado para analisar falhas e riscos em produtos já existentes ou em desenvolvimento, como componentes automotivos, dispositivos médicos, produtos eletrônicos, entre outros. Ele é usado para identificar os modos de falha possíveis e suas consequências, bem como para desenvolver ações de mitigação.
- FMEA de Projeto: este tipo de FMEA é utilizado para analisar falhas e riscos em projetos de produtos ou sistemas. Ele é usado para identificar os modos de falha possíveis e suas consequências, bem como para desenvolver ações de mitigação antes que o projeto seja implementado.
- FMEA de Processos: este tipo de FMEA é utilizado para analisar falhas e riscos em processos de fabricação, como montagem de produtos, usinagem, estampagem, entre outros. Ele é usado para identificar os modos de falha possíveis e suas consequências, bem como para desenvolver ações de mitigação.
- FMEA de Serviços: este tipo de FMEA é utilizado para analisar falhas e riscos em serviços, como serviços de saúde, serviços financeiros, serviços de manutenção, entre outros. Ele é usado para identificar os modos de falha possíveis e suas consequências, bem como para desenvolver ações de mitigação.
- FMEA de Software: este tipo de FMEA é utilizado para analisar falhas e riscos em sistemas de software, como sistemas operacionais, aplicativos, jogos, entre outros. Ele é usado para identificar os modos de falha possíveis e suas consequências, bem como para desenvolver ações de mitigação.
Note que, embora cada tipo de FMEA tenha sua aplicação específica, todos eles seguem o mesmo processo básico: identificação dos modos de falha possíveis, avaliação dos riscos associados a cada modo de falha e desenvolvimento de ações de mitigação.
FMEA: Ferramenta da Melhoria Contínua e Qualidade
O FMEA é uma das ferramentas mais utilizadas na gestão da qualidade e na melhoria contínua de processos. Ele é parte integrante da metodologia Lean Six Sigma, que visa eliminar defeitos e reduzir variações nos processos, pois é uma ferramenta que pode ajudar a identificar falhas em produtos ou processos, a fim de melhorar a qualidade e reduzir custos.
A melhoria contínua é um processo sistemático e constante de aprimoramento de produtos, processos e serviços. Ela visa a alcançar melhores resultados, aumentar a eficiência e eficácia, bem como reduzir os custos. O FMEA é uma ferramenta que ajuda a identificar as possíveis falhas que possam afetar o produto, processo ou serviço, antes que eles sejam implementados, permitindo que sejam corrigidos e melhorados.
O controle de qualidade é outra área importante em que o FMEA é utilizado. Ele é usado para ajudar a identificar as causas raiz de problemas de qualidade, bem como para desenvolver planos de ação corretiva. O FMEA também pode ser usado para monitorar continuamente a qualidade de produtos e processos, a fim de evitar falhas e melhorar a qualidade ao longo do tempo.
Além disso, o FMEA pode ser utilizado em conjunto com outras ferramentas de melhoria contínua e controle de qualidade, como o Pareto, o diagrama de Ishikawa (espinha de peixe), a análise de causa e efeito, o controle estatístico de processos (CEP), entre outras. Juntos, esses métodos podem ajudar a empresa a identificar problemas de qualidade, desenvolver soluções eficazes e garantir que a qualidade seja mantida ao longo do tempo.
Portanto, o FMEA é uma ferramenta valiosa para a melhoria contínua e o controle de qualidade, pois permite identificar e mitigar os riscos e falhas, melhorando a qualidade do produto ou processo e reduzindo os custos associados a retrabalho, reparos e desperdício.
BENEFÍCIOS DA IMPLANTAÇÃO DO FMEA
A implantação do FMEA pode trazer uma série de benefícios para a empresa, incluindo a redução de custos, melhoria da qualidade do produto ou processo, aumento da satisfação do cliente, entre outros.
Alguns exemplos de benefícios gerados com a implantação do FMEA:
- Redução de custos: O FMEA ajuda a identificar possíveis falhas antes que o produto seja lançado no mercado ou que o processo seja implementado. Isso pode evitar custos com reparos, retrabalho ou desperdícios. Por exemplo, a Ford relatou uma economia de US $ 1,6 milhão em custos de garantia em um ano após a implantação do FMEA em sua fábrica de motores.
- Melhoria da qualidade: O FMEA ajuda a identificar potenciais falhas e a implementar ações corretivas para preveni-las. Isso leva a um produto ou processo com menos defeitos, o que melhora a satisfação do cliente. Por exemplo, a Alcoa relatou uma redução de 80% nos defeitos em um processo de produção de alumínio após a implementação do FMEA.
- Aumento da satisfação do cliente: Com a melhoria da qualidade do produto ou processo, a satisfação do cliente aumenta. Isso pode levar a um aumento nas vendas e na fidelização dos clientes. Por exemplo, a Delphi Automotive Systems relatou uma melhoria significativa na satisfação do cliente após a implantação do FMEA em seus processos de produção.
- Melhoria na segurança: O FMEA ajuda a identificar potenciais falhas de segurança em produtos ou processos, permitindo que sejam implementadas ações corretivas para evitar acidentes ou lesões. Por exemplo, como vimos no caso da NASA relatado anteriormente.
- Redução do tempo de desenvolvimento: O FMEA ajuda a identificar possíveis problemas antes que o produto ou processo seja lançado no mercado. Isso evita atrasos no desenvolvimento ou na produção, o que pode economizar tempo e dinheiro. Por exemplo, a Polaroid reduziu o tempo de desenvolvimento de novos produtos em 50% após a implementação do FMEA.
Esses são apenas alguns exemplos de benefícios que podem ser obtidos com a implantação do FMEA.
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